Índice é ainda pior considerando os níveis sociais e de raça. Em língua portuguesa, a evolução ainda é pequena. Estudo do Todos pela Educação foi feito com base nos dados do Saeb de 2007 a 2017. Por Elida Oliveira | G1 Dados divulgados pelo movimento Todos pela Educação nesta quinta-feira (21) apontam que o aprendizado de matemática dos estudantes do 3º ano do ensino médio caiu 0,7 ponto percentual (pp) no Brasil entre 2007 e 2017. Isso quer dizer que os concluintes desta etapa de ensino estão saindo da escola sabendo menos do que os estudantes formados há uma década. Nas escolas públicas, a queda foi ainda maior: de 4 pp. O índice piora quando a comparação considera raça e o nível socioeconômico do estudante. Matemática apresenta baixos índices de aprendizagem entre estudantes do 3º ano do ensino médio, ou seja, alunos estão se formando sem aprender todo o conteúdo adequado para a sua idade. — Foto: Divulgação A análise do Todos foi feita com base nos dados do Sistema de Avalia
Obras valorizam recursos táteis e têm 'tradução' para Libras. Capital do Paraná tem cerca de 2,2 mil alunos com algum tipo de deficiência.
Por Alana Fonseca | G1 PR, Curitiba
Alunos da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba, criaram 10 livros sobre o folclore nacional para crianças cegas e surdas. As obras devem ser distribuídas para escolas da capital paranaense que oferecem educação inclusiva.
Alunos da UFPR criam livros para crianças cegas e surdas de Curitiba (Foto: Vanessa Diamante/Arquivo pessoal) |
Hoje, segundo a Prefeitura de Curitiba, a rede municipal de ensino tem 2,2 mil crianças com algum tipo de deficiência.
Para crianças que não enxergam ou que têm parte da visão comprometida, os futuros designers investiram em livros com uma tipografia maior, em ilustrações com alto contraste e em recursos táteis para interação.
O livro "O Lagarto Carbúnculo", por exemplo, conta a história de um lagarto que tem um diamante na testa. A luz do cristal é usada para afastar os malfeitores. Quando encontra uma pessoa muito pobre, o réptil entrega a pedra preciosa a ela. No lugar dela, nasce outra.
No livro adaptado sobre a lenda, o glitter representou o brilho do diamante e a textura das escamas do lagarto foi reproduzida com a ajuda de lantejoulas.
Para quem não pode ouvir, os alunos apostaram em um vocabulário adaptado às palavras da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Hoje, apesar de ser obrigatório no Brasil, nem todo surdo é letrado em Língua Portuguesa.
O livro "Comadre Fulozinha", por exemplo, ganhou o título de "Florzinha". A lenda é sobre uma mulher misteriosa que vive na floresta protegendo os animais e plantas de gente que explora a natureza.
"Usamos expressões faciais bem marcadas, que são importantes para crianças com surdez, além de dobraduras e colagens", relata a estudante Vanessa Diamante, de 19 anos. De acordo com ela, os livros também trazem atividades complementares.
"No caso do 'Florzinha', propusemos que as crianças plantassem uma árvore para ressaltar a importância da natureza", relata.
Nos livros para surdos, as palavras também receberam cores para diferenciar os termos de uma oração.
O primeiro feedback
O Centro de Atendimento Educacional Especializado (CAEE) Natalie Barraga, em Curitiba, atende a 240 pessoas - desde crianças a idosos com problemas para enxergar. A instituição foi uma das que participou de todo o processo de adaptação dos livros.
Primeiro, os universitários foram até lá para fazer uma pesquisa de campo. Depois, para receber o primeiro feedback sobre o material pronto.
A diretora Anne Goyos relata que foi "mágico" o momento em que as crianças pegaram as obras. De acordo com ela, exemplares assim são difíceis de encontrar em livrarias comuns.
"O retorno foi: 'Nossa, eu posso ler! Eu não dependo de ninguém para me contar a história'. O sentimento de autonomia é muito importante para eles", lembra.
A diretora conta, ainda, que os alunos queriam saber onde comprar os livros. "Eles queriam ter vários em casas para contar, eles mesmos, as histórias para os amigos", afirma.
Para Anne, o mundo precisa ser acessível a todos e, para ela, iniciativas assim contribuem.
“Recursos simples podem trazer bastante autonomia. E essa é a palavra-chave: autonomia. As pessoas querem e buscam seus direitos de cidadão, de estar no mundo. De estar no mundo podendo fazer por si, sem depender de tantas ajudas”, explica.
O processo
As professoras Juliana Bueno e Carolina Calomeno, do Departamento de Design Gráfico, dizem estar surpresas com a qualidade dos projetos desenvolvidos. "É um material de qualidade, pronto para ser utilizado", explica Juliana. Foram quatro meses de trabalho.
A turma, com 32 alunos, foi dividida em dois grandes grupos: equipes que trabalhariam educação visual de crianças com baixa visão e equipes que trabalhariam o letramento de crianças surdas.
"As equipes tinham liberdade de escolher as suas histórias, contanto que fossem da cultura brasileira", afirma a professora.
Divididos, os estudantes visitaram o CAEE e a Escola Municipal para Surdos Professora Ilza de Souza Santos, em São José dos Pinhais, na Região de Curitiba, para acompanhar de perto as dificuldades e as necessidades dos pequenos.
A partir daí, os livros começaram a ser desenvolvidos. "Também houve uma preocupação para que as histórias fossem adaptadas para o contexto e a faixa etária", esclarece Juliana.
O valor da impressão foi dividido entre a turma.
Para a professora, a iniciativa é importante para que os universitários tenham "empatia e sensibilidade" ao pensar na diversidade do público.
"Nós não podemos só desenvolver projetos para a grande massa. É preciso saber que há pessoas com especificidades e elas têm direito ao acesso igual à informação e à educação. Cabe a nós, designers, usarmos nossos recursos de pesquisa e criatividade em prol delas também", diz.
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